Conhece-te a ti mesmo

1 de jun. de 2017

I Ching – Hexagrama 52: Kên / A Quietude (Montanha)

Imagem de Adele Aldridge


Este hexagrama sugere encontrar quietude e paz em meio ao caos e ao movimento. O mundo está constantemente em fluxo. Mas este hexagrama está pedindo que você ponha em dúvida a noção de que precisa haver movimento. Manter-se no centro pode ser o destino final. A pessoa sábia, que encontrou quietude de mente e coração, não experimentará nenhuma oposição neste momento. Esta é uma oportunidade para meditar e ganhar nova consciência. Logo você descobrirá que é capaz de obter um momento de descanso do barulho de sua vida e sua mente. Por meio de profunda quietude interna vem ação poderosa.

Os pensamentos negativos devem ser mantidos em silêncio.

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A Quietude


O símbolo desse hexagrama é a montanha, o filho mais moço do céu e da terra. O masculino está acima, pois essa é a tendência de sua natureza. O feminino está abaixo, na direção do seu movimento próprio. Assim, faz-se o repouso, pois o movimento chegou a seu término natural.
Quando aplicado ao homem, o tema do hexagrama consiste na busca da serenidade do coração. É muito difícil acalmar o coração. Enquanto o Budismo aspira à quietude através de uma extinção de todo movimento no Nirvana, o Livro das Mutações sustenta que a quietude é somente um estado de polaridade que tem como constante complemento o movimento.
Talvez as palavras do texto contenham indicações para a prática do yoga

                  
                  
JULGAMENTO

A QUIETUDE. Mantendo imóveis as costas,
ele não mais sente seu corpo.
Ele se dirige ao pátio e não vê sua gente.
Nenhuma culpa.

A verdadeira quietude consiste em manter-se imóvel quando chega o momento de se manter imóvel, e avançar quando chega o momento de avançar. Deste modo o repouso e o movimento permanecem em harmonia com as exigências do tempo, e a vida se ilumina.
O hexagrama representa o fim e o começo de todo movimento. As costas são mencionadas porque nelas se encontram todas as fibras nervosas mediadoras do movimento. Quando estes nervos dorsais são postos em repouso é como se o eu, com suas inquietudes, desaparecesse. Quando o homem alcança esta tranquilidade interior, pode se dirigir ao mundo externo e já não verá mais nele a luta e o tumulto dos seres individuais. Tendo atingido a verdadeira paz, ele poderá, então, compreender as grandes leis do universo e agir em harmonia com elas. A ação que tem suas origens nesses níveis mais profundos não errará.

IMAGEM

Montanhas próximas umas das outras:
a imagem da QUIETUDE.
Assim, o homem superior não deixa seus pensamentos
irem além da situação em que se encontra.

O coração pensa constantemente. Isso não se pode mudar. Mas os movimentos do coração — isto é, os pensamentos — devem se limitar à situação de fato, ao contexto atual da vida. Todo pensar que transcende o momento apenas faz sofrer o coração.

LINHAS

Seis na primeira posição significa:
Mantendo imóveis os dedos do pé.
Nenhuma culpa.
É favorável uma constante perseverança.

Manter imóvel os dedos do pé, significa deter-se antes mesmo de começar a se mover. O começo é o momento em que se cometem poucos erros. Ainda se está em harmonia com a inocência original. Veem-se as coisas intuitivamente, tais como são, sem se deixar obscurecer por interesses e desejos. Aquele que se detém ao começo, enquanto ainda não se afastou da verdade, encontra o caminho correto. Porém, é necessária uma constante firmeza que evite deixar-se levar pela irresolução.

Seis na segunda posição significa:
Mantendo imóveis as pernas.
Ele não pode salvar aquele a quem segue.
Seu coração não está alegre.

A perna não pode se mover independentemente. Ela depende do movimento do corpo. Se o corpo está em vigoroso movimento e a perna, súbito, se detém, o impulso do corpo provoca a queda.
O mesmo ocorre com o homem que segue alguém de personalidade mais forte que a sua; ele é arrastado. Mesmo quando consegue se deter, percebendo que segue um caminho errôneo, não poderá reter o outro em seu vigoroso movimento. Quando o dirigente força o avanço, seu subalterno, por melhores que sejam suas intenções, não poderá salvá-lo.

Nove na terceira posição significa:
Mantendo imóvel o quadril.
Rigidez na região do osso sacro.
Perigo.
O coração sufoca.

Isso se refere a uma tranquilidade forçada. Procura-se dominar a agitação do coração por meio da violência. Porém, o fogo, ao ser abafado, transforma-se numa fumaça acre que vai asfixiando à medida que se espalha.
Do mesmo modo, em exercícios de meditação e concentração não se deve procurar forçar resultados. Ao contrário, a quietude deve surgir espontaneamente, a partir de um recolhimento interior. Caso se procure impor a tranquilidade através de uma rigidez artificial, a meditação poderá causar grandes perturbações.

Seis na quarta posição significa:
Mantendo imóvel o tronco.
Nenhuma culpa.

Como foi indicado no comentário do Julgamento, manter em repouso as costas significa esquecer o eu. A quietude chega, então, à sua culminância. Aqui esse estágio ainda não foi alcançado. Apesar de se ter conseguido acalmar o eu com seus pensamentos e impulsos, não se está totalmente livre de seu domínio. Porém, ainda assim a quietude do coração é uma função importante, e com o tempo conduz à completa eliminação dos impulsos egotistas. Apesar de o homem não se ter libertado dos perigos da dúvida e da inquietude, esse estado de ânimo não é um erro, pois conduz, ao final, a um nível mais elevado.

Seis na quinta posição significa:
Mantendo imóveis as mandíbulas.
As palavras estão em ordem.
O arrependimento desaparece.

Quando um homem se encontra numa situação perigosa para a qual não está preparado, tende muitas vezes a falar em excesso e se permitir brincadeiras inoportunas. Mas descuidos de linguagem conduzem, muitas vezes, a situações que mais tarde poderão ser motivo para arrependimento. No entanto, quando se é discreto ao falar, as palavras vão adquirindo uma precisão cada vez maior e desaparecem, então, todos os motivos de arrependimento.

○Nove na sexta posição significa:
Quietude magnânima.
Boa fortuna!

O esforço em busca da quietude atinge sua meta. A tranqüilidade aqui alcançada não se restringe a detalhes ou circunstâncias específicas. Há, isto sim, uma resignação em relação ao mundo como um todo, que traz paz e boa fortuna a todos os aspectos particulares da existência.

Fonte: I Ching, o Livro das Mutações – Richard Wilhelm


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