Arte de Adele Aldridge |
É
preciso renunciar à racionalização dos acontecimentos, que sempre leva a
discutir e apelar para a força.
Fu -
O Retorno significa retorno à luz ou um retorno ao caminho adequado. Para
tanto, é fundamental não deixar que idéias negativas penetrem em nossa mente.
Quando elas ameaçam se instalar, devemos imediatamente expulsá-las. Elas nos levam à dúvida e, consequentemente, ao antigo esquema das manipulações e mecanismos de defesa.
O
movimento que está presente não é provocado pela força. É o ciclo da vida:
criação, sustentação e dissolução. Se o crescimento está em harmonia vem de
forma natural. Portanto, a transformação ocorre sem resistência.
Aquele
que conseguir libertar-se de padrões mentais condicionados do passado, e não
estiver agarrado ao desejo pelo futuro, irá encontrar a verdadeira paz no
agora/presente.
É um
momento de
verdadeira saúde e clareza.
Este
hexagrama pode ser um alerta que está se afastando do Caminho Superior.
Por
causa de dúvidas, a tendência é voltar a um velho sistema de defesas e
estratégias para lidar com os problemas. Estruturas que já haviam sido
superadas ressurgem, ao deixar de lado a autodisciplina ou simplesmente parar
de prestar atenção à atitude interior.
Este
é um momento de novos começos e
oportunidades.
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O Retorno
O
ponto de transição é sugerido pelo fato de que após as linhas obscuras
expulsarem do hexagrama as linhas luminosas acima, uma outra linha luminosa
surge novamente, embaixo. O tempo das trevas passou. O solstício de inverno
traz a vitória da luz. Este hexagrama é atribuído ao décimo primeiro mês, o mês
do solstício (dezembro-janeiro).
JULGAMENTO
RETORNO. Sucesso.
Saída e entrada sem erro.
Amigos chegam sem culpa.
Para adiante e para trás segue o
caminho.
Ao sétimo dia vem o retorno.
É favorável ter aonde ir.
Após
uma época de decadência vem o ponto de transição. A luz poderosa que tinha sido
banida retoma. Porém, este movimento não é provocado pela força. Como a característica
do trigrama superior K’un é a devoção, o movimento é natural e surge
espontaneamente. Por isso a transformação do antigo também torna-se fácil. O
velho é descartado e o novo, introduzido. Ambos os movimentos estão de acordo
com as exigências do tempo e, portanto, não causam prejuízos. Formam-se
associações de pessoas que têm os mesmos ideais. Como tal grupo se une em
público e está em harmonia com o tempo, os propósitos particulares e egoístas
estão ausentes, e assim erros são evitados. A idéia de retorno baseia-se no
curso da natureza. O movimento é cíclico e o caminho se completa em si mesmo.
Por isso não é necessário precipitá-lo artificialmente. Tudo vem de modo
espontâneo e no tempo devido. Esse é o sentido do céu e da terra.
Todos
os movimentos se completam em seis etapas, e a sétima traz o retorno. Deste
modo, o solstício de inverno, com o qual tem início o declínio do ano, ocorre
no sétimo mês após o solstício de verão. Do mesmo modo, o nascer do sol ocorre
na sétima hora dupla, após o crepúsculo. Por isso o sete é o número da luz nova
e surge quando ao seis, o número da grande escuridão, se adiciona a unidade.
Assim, o estado de repouso dá lugar ao movimento.
IMAGEM
O trovão no interior da terra:
a imagem do PONTO DE TRANSIÇÃO.
Assim, os reis da antigüidade
fechavam as passagens na época do
solstício.
Comerciantes e forasteiros não
transitavam
e o governante não viajava pelas
províncias.
Na
China, o solstício de inverno foi sempre celebrado como a época de repouso do
ano – costume que se conserva até hoje, no período de descanso do ano novo. No
inverno, a energia vital, simbolizada pelo trovão, “O Incitar”, encontra-se
ainda no interior da terra. O movimento está em seus primórdios e por isso
deve-se fortalecê-lo através do repouso, para que não se dissipe num uso
prematuro. Esse princípio básico, de fazer com que a energia nascente se
fortifique através do repouso, aplica-se a todas as situações similares. A
saúde que retorna após uma doença, o entendimento que ressurge após uma
discórdia, enfim, tudo o que está recomeçando deve ser tratado com suavidade e
cuidado, para que o retorno leve ao florescimento.
LINHAS
Nove
na primeira posição significa:
Retorno
de uma curta distância.
Não é
necessário remorso.
Grande
boa fortuna!
Pequenos
desvios do bem não podem ser evitados. Porém, é preciso retroceder a tempo,
antes de ir longe demais. Isto é especialmente importante na formação do
caráter. Todo pensamento maléfico, por menor que seja, deve ser imediatamente
afastado, antes que avance demais e se enraíze na mente. Assim, não haverá
necessidade de arrependimento, e tudo irá bem.
Seis
na segunda posição significa:
Retorno
tranqüilo. Boa fortuna.
O
retorno é um ato de autodomínio e sempre exige decisão. Isto se torna mais
fácil quando uma pessoa se encontra em boa companhia. Se consegue pôr de lado o
orgulho e segue o exemplo dos homens de bem, encontra boa fortuna.
Seis
na terceira posição significa:
Retorno
repetido. Perigo.
Nenhuma
culpa.
Há
pessoas que, em virtude de uma certa instabilidade interior, tendem
constantemente a retroceder. É sem dúvida perigoso esse movimento hesitante
que, com freqüência, se deixa afastar do bem em virtude de desejos
descontrolados para, em seguida, retroceder, mudando sua opinião. Mas como isso
também não conduz a uma consolidação do mal, a tendência geral a superar o
defeito não está excluída por completo.
Seis
na quarta posição significa:
Andando
no meio dos outros,
retorna-se
sozinho.
Alguém
se encontra em meio a uma sociedade de homens inferiores, mas se mantém ligado
por vínculos interiores a um amigo forte e bom;isso o leva a retornar sozinho.
Embora não se faça qualquer menção à recompensa ou castigo, esse retorno é
certamente favorável, pois a opção pelo bem traz sua própria recompensa.
Seis
na quinta posição significa:
Retorno
digno.
Nenhum
arrependimento.
Quando
o movimento do retorno chega, não se deve buscar refúgio em desculpas banais e
sim proceder a uma introspecção e a um auto-exame. Caso se tenha cometido algum
erro, deve-se tomar a nobre decisão de reconhecer o erro. Ninguém se
arrependerá de seguir esse caminho.
Seis
na sexta posição significa:
Perde-se
o retorno. Infortúnio.
Infortúnio
interno e externo.
Se os
exércitos forem postos em marcha desta forma,
se
sofrerá, ao final, uma grande derrota,
desastrosa
para o governante do país.
Durante
dez anos não se estará em condições de atacar.
Quando
se perde o momento certo para o retorno, encontra-se o infortúnio. O infortúnio
tem sua causa interna numa atitude errônea diante do mundo. O infortúnio
externo é conseqüência dessa atitude errônea. Descreve-se aqui uma cega
obstinação, e o julgamento correspondente.
Fonte: I Ching, o Livro das Mutações – Richard Wilhelm
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