Por ser bastante extenso e técnico na sua primeira metade, resolvi dividi-lo em três partes, todas numeradas e interligadas, para facilitar a leitura.
Na antiguidade os eclipses eram vistos com muito pavor. Acreditava-se que os astros, no caso, o Sol e a Lua, eram devorados por um monstro terrível, ou ainda que eram vítimas de um malefício misterioso que os levaria à morte, do qual seriam libertados apenas por muito barulho, especialmente quando a Lua adquiria a tonalidade vermelha, o que se acreditava ser seu sangue jorrando. Assim, sociedades primitivas de vários lugares do planeta organizavam as algazarras ou alaridos. A finalidade era assustar o monstro devorador pra obrigá-lo a largar sua presa. De modo geral, os eclipses costumavam ser responsabilizados por epidemias, doenças e toda a sorte de maldições, até mesmo casos de incesto. O certo era que esperavam-se pragas e moléstias diversas na esteira de um eclipse.
Mas imagine um Eclipse Total do Sol: o dia de repente vira noite, a
temperatura cai drasticamente, os animais se recolhem como se de fato
fosse noite… Se parece bizarro e assombroso para nós, que já temos tanto
conhecimento a respeito do fenômeno, imagine para os povos antigos que
não sabiam o que estava acontecendo de fato. Era realmente assustador,
pavoroso. Há relatos, inclusive, de eclipses terem parado guerras, pois
ambos os exércitos em pleno campo de batalha não sabiam o que se passava
na natureza e podem ter visto o fenômeno como um sinal dos céus para
pararem o conflito.
Hoje, o homem moderno já não teme que o sol vá ser engolido por um demônio ou acometido de algo maligno. Ficamos mais inteligentes, mais sabidos e rimo-nos das “bobagens” dos povos primitivos de outrora. Uma pena. Uma pena que perdemos a capacidade de nos maravilharmos com esses acontecimentos que hoje são explicados cientificamente. A aparente bobagem e crendice dos antigos escondia uma certa sabedoria, aquela que se alcança quando se viveu o bastante para observar muitas vezes os ciclos da vida e da natureza. Sabidos que somos não podemos dizer que os eclipses “causam” o que quer que seja ao homem aqui na terra, mas astrologicamente eclipses simbolizam momentos únicos e especiais, funcionando como gatilhos que disparam ou precipitam situações que vinham sendo evitadas ou cozinhadas em fogo lento, especialmente em termos coletivos, como situações políticas e econômicas, ou mesmo simbolizando o desenvolvimento de áreas do conhecimento humano – sim, os eclipses também podem significar e simbolizar coisas boas!
Mas o que são eclipses?
Tecnicamente um eclipse acontece quando um corpo celeste é ocultado por outro. Assim eclipses podem envolver corpos celestes diversos, mas aqui vamos falar especificamente dos eclipses solares e lunares, que são os que têm mais impacto na Terra e que são objeto de estudo na Astrologia. Neste contexto,
Eclipses são lunações elevadas à máxima potência, uma vez que ocorrem na Lua Nova ou na Lua Cheia.
Um eclipse ocorre quando a Lua Nova ou Cheia acontece próxima ao eixo dos nodos lunares, que são pontos matemáticos ou imaginários, os pontos onde a órbita da Lua ao redor da Terra cruza com a eclíptica, o caminho aparente do Sol, ou seja, a órbita da Terra ao redor do Sol. A Eclíptica recebe esse nome exatamente porque os eclipses ocorrem quando a Lua está muito próxima do plano que contém a eclíptica.
Os nodos, nódulos ou nós lunares são dois, Norte e Sul e formam um eixo porque estão exatamente opostos – na verdade, todos os planetas têm nodos, os pontos onde o planeta cruza o plano estendido da órbita de outro planeta, mas aqui o que nos interessa é apenas os nodos da Lua. O símbolo do Nodo Norte parece uma ferradura e o do Nodo Sul lembra uma ferradura invertida. Eles têm sido
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Ilustração esquemática dos Nodos – Reprodução |
observados pelos astrônomos há muitos séculos, desde quando as observações astronômicas começaram no mundo, porque sempre que o Sol fica próximo a eles no seu caminho aparente ao redor da Terra, as lunações também são eclipses.
O Nodo Norte é o ponto onde a Lua cruza a eclíptica ascendendo do Sul para o Norte, e o Nodo Sul é o ponto inverso, quando a Lua descende do Norte para o Sul. Se o plano da eclíptica fosse exatamente igual ao plano da órbita da Lua, teríamos eclipses em todas as luas novas e em todas as luas cheias. Isso não acontece devido à inclinação da órbita da Lua em relação à eclíptica, que é de cerca de cinco graus e é por isso que um eclipse pode se dar somente quando a Lua nova ou cheia acontece próxima ao eixo nodal, estando o Sol ou a Lua, ou ambos, conjuntos ao Nodo Norte ou Nodo Sul.
Etimologia
A palavra “eclipse” é derivada do termo grego antigo ἔκλειψις (ékleipsis), do verbo ἐκλείπω (ekleípō), "deixar para trás", uma combinação do prefixo ἐκ- (ek-), das preposições ἐκ, ἐξ (ek, ex), "fora", e o verbo λείπω (leípō), "deixar" (
minha humilde contribuição para o texto).
Para muitos significa desaparecer, ocultar, abandonar, sair de um lugar, aquilo que falta.
Sua etimologia já aponta para a forte impressão emocional que causa, pois estas palavras têm significado marcantes em todas as culturas.
Tipos de eclipses
Os eclipses podem ser solares, quando acontecem na Lua Nova; ou lunares, quando acontecem na Lua Cheia, tendo a partir dessa classificação inicial outras classificações que veremos abaixo.
“
Embora o diâmetro do Sol seja 400 vezes maior do que o da Lua, a Lua parece ter o mesmo tamanho do Sol quando vista da Terra, devido ao fato de estar a uma distância menor da Terra. Portanto, a Lua tem o potencial de bloquear a luz do Sol quando passa sobre a sua face” (
John Green) – o fato de eles parecerem ter o mesmo tamanho é bastante significativo simbolicamente, porque nos alerta o quanto ambos são igualmente importantes para a vida na terra e para a vida psíquica do ser humano.
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Mecânica dos Eclipses Solares e Lunares – Fsogumo, do Wikipedia – Reprodução |
Um Eclipse Solar só pode ocorrer durante uma Lua Nova, quando a Lua e o Sol estão em conjunção e próximos a um dos nodos, ou seja, quando ambos se alinham ao centro da Terra em longitude e latitude celestiais. Obviamente, os eclipses solares são visíveis na região do globo em que eles acontecem durante o dia – não necessariamente em toda a região onde é dia – enquanto os eclipses lunares podem ser avistados nas regiões onde o eclipse acontece no período noturno.
Christine Arens, astróloga americana e grande pesquisadora de eclipses, diz que os efeitos de um eclipse serão sentidos mais intensamente, tanto em termos coletivos quanto individuais, nos locais em que ele é visível. “
Se você pode ver, você será afetado”, diz ela. Isso se aplica particularmente aos países em que o eclipse é visível. Ela vai além e diz ainda que “
num eclipse há uma tal intensificação da energia que todo ser que possua um campo bioenergético é afetado” – então, estamos falando também de animal e vegetal, e possivelmente, mineral.
A magnitude de um eclipse depende da distância dos luminares em relação à Terra e consequentemente, em relação aos nodos. Como a distância da Lua em relação à Terra não é constante e varia em torno de 10%, a sombra da Lua, ou “umbra” nem sempre alcança a superfície da Terra e esse fato dá origem aos vários tipos de eclipses solares:
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Daniel Lynch – Eclipse Total do Sol
29/03/2006 visto da Líbia
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Eclipse Total do Sol – A Lua fica entre a Terra e o Sol. Ocorre quando a Lua está em seu perigeu, ou seja , a menor distância da Terra e parecendo maior do ponto de vista geocêntrico. Neste caso, ela pode cobrir completamente o disco solar, bloqueando totalmente sua Luz e causando um Eclipse Total do Sol. Se a Lua Nova ocorrer a uma distância entre 0° e 9°55’ (nove graus e cinquenta e cinco minutos) de um dos nodos, definitivamente isso será um eclipse total; se ocorrer entre 9°55’ e 11°15’ de distancia de um dos nodos, o eclipse poderá ser total ou parcial.
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Eclipse Parcial do Sol – Pekka Nikula |
Eclipse Parcial do Sol – como diz o nome, neste tipo de eclipse, somente uma parte do Sol é bloqueada pela Lua. Isso se dá quando o cone de sombra da Lua produz uma área menor do que o disco do Sol ou quando apenas a zona de penumbra encobre a luz do Sol sobre a Terra. Os eclipses parciais do Sol ocorrem entre 11°15 e 18°21 graus de distância dos nodos. Um eclipse acontecendo entre 9°55’ e 11°15’ de distância dos nodos poderá ser parcial ou total.
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Eclipse Anular do Sol – Simon Christen |
Eclipse Anular ou Anelar do Sol – este eclipse acontece quando a Lua está em seu apogeu, a maior distância em relação à Terra. No apogeu a Lua parece menor do ponto de vista geocêntrico e neste caso, seu disco não consegue bloquear ou cobrir completamente o disco do Sol, deixando um anel luminoso ao redor de si, que poderá parecer um anel de fogo. Com relação à distância dos nodos, este eclipse é um eclipse total, porque ocorre muito próximo do eixo nodal e é chamado anelar ou anular devido ao apogeu da Lua e à aparência de anel criada em função disso.
Eclipse Híbrido ou Anular-Total – o eclipse é total em uma parte do globo e anular em outros pontos.
Eclipses Lunares
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Mecânica do Eclipse Lunar – Fsogumo – Wikimedia Reprodução |
O eclipse lunar se dá durante uma Lua Cheia, quando a Lua está na sombra da Terra, em oposição ao Sol, ou seja a Terra está entre os dois luminares. Os eclipses lunares também podem ser de vários tipos, mas as orbes (distâncias) em relação aos nodos são muito menores. Sua classificação é feita de acordo com a parte da Lua que é obscurecida pela Terra e qual parte desta sombra terrestre está obscurecendo a Lua. A sombra projetada pela Terra é dividida entre umbra e penumbra. Na umbra não há iluminação direta do Sol, enquanto que na penumbra, apenas uma parte da luz solar é bloqueada.
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Eclipse Lunar Total – Desconheço o autor. Reprodução |
Eclipse Total da Lua – neste eclipse a Lua está totalmente inserida na umbra (sombra) da Terra. Costuma ocorrer entre 0° e 3°45’ de distância dos nodos. Se uma Lua Cheia acontece entre 3°45’ e 6° pode ser um eclipse total ou parcial da Lua.
Eclipse Parcial da Lua – Como o nome diz, ocorre quando o reflexo da luz solar sobre a Lua é encoberto parcialmente pela sombra da Terra, ou seja, A Lua entra na sombra da Terra sem ficar totalmente imersa nela. A distância que Sol e Lua estão dos nodos pode variar de 6° a 12°15’.
Eclipse Apulse ou Penumbral – a Lua entra somente na penumbra da Terra e não na umbra/sombra, a parte mais escura, ou seja, o alinhamento não é perfeito. Este eclipse acontece quando Sol e Lua estão a mais de 12 graus de distância dos nodos.
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Representação gráfica dos vários tipos de eclipses lunares. Posição 1 –
não há eclipse; posição 2 mostra um eclipse penumbral; 3 mostra um
eclipse parcial; e 4 mostra um eclipse total – Fsogumo, através do
wikimedia files – Reprodução |
Tétrade – sequência de quatro eclipses totais da Lua. Tivemos uma Tétrade entre 2014 e 2015. O primeiro eclipse desta tétrade específica foi o de 15 de abril de 2014, o segundo foi em 08 de outubro de 2014, o terceiro ocorreu em 04 de abril de 2015 e o quarto e último ocorreu no dia 28 de setembro de 2015 (29 de setembro na Europa), todos eles no eixo Áries-Libra, o que reflete a ênfase que este eixo teve com o trânsito dos Nodos Lunares de fevereiro de 2014 a novembro de 2015. A Tétrade geralmente traz eclipses das chamadas “
Luas de Sangue”, por causa da coloração vermelha que a Lua adquire durante o eclipse. Embora sejam vistos como nefastos pelos sensacionalistas de plantão, os efeitos do eclipse, como já estressamos bastante, dependerão de muitas variáveis, sendo que muitos eclipses podem ter efeitos bastante positivos.
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Eclipse Total da Lua ou Lua de Sangue - Desconheço o Autor. |
Continua...