Arte de Adele Aldridge |
Quando existe a ameaça da
dúvida, devemos aderir ao que já aprendemos e confiar no Poder da Verdade. Nos
momentos de hesitação, chegamos a duvidar de nós mesmos, da nossa capacidade,
de tudo o que aprendemos e da ajuda do Sábio. Mas justamente nesses momentos
precisamos perseverar.
O Sol difunde sua luz e
ilumina todo o mundo natural. A Luz prende-se aos objetos e torna-os
brilhantes. Da mesma forma, as pessoas grandes iluminam todos os que estão em
volta delas, penetrando na verdadeira natureza do homem.
Tente ver além das chamas & da fumaça.
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O Aderir
Este é mais um dos hexagramas
formados pela repetição de um mesmo trigrama. O trigrama Lá significa “aderir a
algo”, “ser condicionado”, “depender de algo” e “claridade”. Uma linha obscura
liga-se a uma linha luminosa acima e a outra abaixo. Assim surge a imagem de um
espaço vazio entre duas linhas fortes, o que as torna luminosas. Li é a filha
do meio. O Criativo incorporou a linha central do Receptivo e desse modo se
forma Li. Como imagem é o fogo. O fogo não tem uma forma definida, porém
liga-se aos corpos que queimam, tornando-se luminoso. Assim como a água desce
do céu, o fogo arde elevando-se da terra. Enquanto K’an significa a alma
aprisionada no corpo, Li significa a natureza em seu esplendor.
JULGAMENTO
ADERIR.
A perseverança é favorável.
Ela
traz o sucesso.
Cuidar
da vaca traz boa fortuna.
O obscuro liga-se ao que é luminoso, promovendo
assim a claridade deste último. Um corpo luminoso, ao irradiar luz, deve ter em
seu interior algo que Persevere pois, de outro modo, com o tempo se
extinguiria. Tudo o que é luminoso no mundo depende de um elemento ao qual se
liga, a fim de poder continuar a brilhar.
Assim, o sol e a lua ligam-se ao céu, enquanto os
grãos, a grama e as árvores ligam-se à terra. Do mesmo modo a redobrada clareza
do homem fiel a seu destino adere ao bem, e pode assim dar forma ao mundo. A
vida humana no mundo é condicionada e dependente. Quando o homem reconhece essa
limitação e se submete às forças harmoniosas e benéficas do cosmos, ele alcança
o sucesso. A vaca é o símbolo da extrema docilidade. Cultivando em si essa
docilidade e voluntária dependência, o homem conquista uma clareza suave e encontra
seu lugar no mundo.
IMAGEM
A
clareza eleva-se duas vezes: a imagem do FOGO.
Assim,
o homem superior, perpetuando essa clareza,
ilumina
as quatro regiões do mundo.
Cada um dos dois trigramas representa o sol no
ciclo de um dia. Os dois juntos representam a repetição do movimento do sol, a
função da luz gerando o tempo. O homem superior dá continuidade à obra da
natureza no mundo dos homens. Graças à clareza de seu ser, ele faz com que a
luz se espraie, penetrando cada vez mais na natureza do homem.
LINHAS
Nove na primeira posição significa:
As pegadas se entrecruzam.
Se o homem se mantém sério, nenhuma culpa.
Amanhece, e o trabalho se inicia. Após ter estado
isolado do mundo exterior no sono, a alma começa a restabelecer suas relações
com o mundo. As marcas das impressões se entrecruzam. Atividade e pressa
imperam. Nesse momento, o importante é preservar o recolhimento interior e não
se deixar levar pela agitação da vida. Se permanecer sério e concentrado, o
homem alcançará a clareza necessária para a análise das numerosas impressões
que lhe chegam. E precisamente no começo que esta séria concentração é
importante, pois no início está a semente de tudo que se seguirá.
Seis na segunda posição significa:
Luz amarela. Suprema boa fortuna.
É meio dia. O sol brilha com luz amarela. O
amarelo é a cor do meio e da medida. A luz amarela é, portanto, o símbolo da
civilização e da arte em seu apogeu, cuja harmonia está no perfeito equilíbrio.
Nove na terceira posição significa:
Sob a luz do sol poente
os homens ou batem no caldeirão e cantam,
ou suspiram em voz alta à aproximação da
velhice.
Infortúnio.
Finda o dia. A luz do sol poente lembra o aspecto
condicionado e transitório da vida. Nesta falta de liberdade exterior os homens
com freqüência perdem também sua liberdade interior. A transitoriedade da
existência ou os impele a uma euforia desenfreada, a fim de gozar a vida
enquanto ela dura, ou se deixam levar pela tristeza e desperdiçam um tempo
precioso lamentando a aproximação da velhice. Ambas as atitudes são erradas.
Para o homem superior é indiferente que a morte esteja próxima ou distante. Ele
aprimora-se, aguarda sua sorte e assim consolida seu destino.
Nove na quarta posição significa:
Sua chegada é repentina;
inflama-se, extingue-se, é jogado fora.
A clareza do intelecto tem para com a vida uma
relação semelhante à que o fogo tem com a madeira. O fogo adere à madeira, mas
ao mesmo tempo a consome. A clareza do intelecto tem suas raízes na vida, mas
também pode consumi-la. Tudo depende de como essa clareza funciona. É usada
aqui a imagem de um meteoro ou de um fogo de palha. Um homem de caráter
excitável e inquieto tem uma rápida ascensão, porém sem deixar efeitos
duradouros. É um erro desgastar-se demasiado rápido e se consumir como um
meteoro.
Seis na quinta posição significa:
Em prantos, suspirando e lamentando.
Boa fortuna!
A vida aqui atinge um apogeu. Nesta posição, se
não houvesse uma advertência, o homem se consumiria como uma chama. Mas se chora
e suspira, preocupado em conservar sua clareza, renunciando a toda esperança e
temor por reconhecer a vacuidade de todas as coisas, essa sua tristeza trará
boa fortuna. Aqui ocorre uma verdadeira e definitiva mudança de atitude, e não
apenas uma mudança temporária, como no caso do nove na terceira posição.
Nove na sexta posição significa:
O rei o utiliza para marchar adiante e
castigar.
O melhor será então matar os líderes
e aprisionar seus seguidores.
Nenhuma culpa.
O propósito da punição é impor disciplina, e não
castigar cegamente. O mal deve ser cortado pela raiz. Na vida política, para
fazê-lo, devem-se eliminar os líderes, porém poupar seus seguidores. No
auto-aperfeiçoamento devem-se extirpar os maus hábitos e tolerar aqueles que
são inofensivos. Pois o ascetismo muito rigoroso, assim como as punições
excessivamente severas, não conduzem a bons resultados.
Fonte: I Ching, o Livro das Mutações – Richard Wilhelm
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