Imagem de Adele Aldridge |
O
ato de "seguir" é muitas vezes visto como um estado inferior de "liderar".
Mas liderança requer conhecimento e conhecimento é adquirido por seguir aqueles
que são experientes e grandes. Não há vergonha em seguir alguém que tem conhecimento,
pois assim a liderança é aperfeiçoada. A fim de liderar é preciso saber o que
segue. Para seguir bem é preciso estar focado na liderança. Um seguidor fraco é
aquele que segue sem ambição. Um líder fraco é aquele que lidera sem um
conhecimento do seguir.
Seja fiel aos próprios valores e as portas do Destino se abrirão naturalmente.
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O
trigrama Tui, cujo atributo é a alegria, está acima; o incitar, cujo atributo é
o movimento, está abaixo. A alegria no movimento induz a seguir. A alegria é a
filha mais moça, enquanto que o incitar é o filho mais velho. Um homem mais
velho reverencia uma jovem, demonstrando-lhe consideração. Isso faz com que ela
o acompanhe.
JULGAMENTO
SEGUIR
tem sublime sucesso.
A
perseverança é favorável. Nenhuma culpa.
Para
alguém chegar a se fazer acompanhar é preciso primeiro saber adaptar-se. O
homem que deve comandar precisa primeiro aprender a servir. Só assim conseguirá
despertar o apoio alegre de seus subalternos, o que é necessário para que eles
o acompanhem. O homem que força a que o sigam, recorrendo à astúcia ou à
violência, a intrigas ou criando facções, sempre encontrará resistência que
impedirá que o acompanhem de forma espontânea. Porém, mesmo o movimento alegre
pode levar a resultados maléficos. Por isso o texto do Julgamento acrescenta a
advertência: “A perseverança é favorável”, isto é, a constância no agir
correto, e ainda “nenhuma culpa”. Um homem não deve pedir a outros que o sigam
a não ser sob estas condições. Por isso também, elas são indispensáveis para
que se possa seguir a outros sem risco de danos. A idéia de seguir adaptando-se
às exigências do tempo é grandiosa e importante ; por isso o julgamento é tão
favorável.
IMAGEM
O
trovão no meio do lago: a imagem do SEGUIR.
Assim
o homem superior recolhe-se, ao anoitecer,
para
descansar e recuperar suas forças.
No
outono a eletricidade se recolhe novamente à terra e entra em repouso. Aqui é o
trovão no meio do lago, em seu repouso de inverno, que serve como imagem e não
o trovão em movimento. É dessa imagem que surge a idéia de seguir, adaptando-se
às exigências do tempo. O trovão no meio do lago sugere épocas de escuridão e
repouso. Assim, o homem superior, depois de um dia de atividade incansável,
busca o repouso durante.a noite de modo a recuperar suas forças. Para que uma
situação se torne favorável é necessário saber adaptar-se a ela, evitando-se,
assim, o desgaste provocado por uma resistência errônea.
LINHAS
Nove
na primeira posição significa:
O
padrão está se modificando. A perseverança
traz
boa fortuna.
Sair
acompanhado pela porta afora leva a realizações.
Há
condições excepcionais nas quais se modifica a relação entre o líder e seus
seguidores. Está implícita na idéia de seguir e adaptar-se a noção de que, se
alguém deseja liderar, deve permanecer acessível e sensível às opiniões dos
subordinados. Ao mesmo tempo, porém, deve ter princípios firmes, para não
vacilar quando se tratar apenas de modismos. Quando se está preparado para
ouvir a opinião alheia, não se deve procurar apenas a companhia daqueles que
compartilham dos mesmos pontos de vista ou que pertencem à mesma facção. É
preciso sair para lidar livremente com homens de toda espécie, amigos ou
inimigos. Só assim se realizará alguma coisa.
Seis
na segunda posição significa:
Ligando-se
ao pequeno menino,
perde-se
o homem forte.
Um
homem deve escolher cuidadosamente suas amizades e relações mais íntimas. Ou
ele se cerca de boa ou de má companhia; não pode ter ambas ao mesmo tempo. Quem
se corrompe, unindo-se a pessoas indignas, perde o contato com as pessoas
espiritualmente elevadas, que o estimulariam ao bem.
Seis
na terceira posição significa:
Ligando-se
ao homem forte,
perde-se
o pequeno menino.
Através
do seguir encontra-se o que se busca.
É
favorável permanecer perseverante.
Quando
se estabelecem vínculos corretos com pessoas de valor, isso traz naturalmente
uma certa perda. O homem deve afastar-se do que é inferior e superficial. Porém,
em seu interior, ele está satisfeito por encontrar o que procurava e precisava
para o desenvolvimento da sua personalidade. O importante é permanecer firme.
Ele precisa saber o que quer, não permitindo que tendências momentâneas o
desviem.
Nove
na quarta posição significa:
O
seguir cria sucesso.
A
perseverança traz infortúnio.
Trilhar
seu caminho com sinceridade traz esclarecimento.
Como
poderia haver culpa nisso?
Quando
alguém que exerce influência se mostra condescendente com os que estão abaixo,
freqüentemente encontra seguidores. Mas estes que a ele se unem não são movidos
por intenções honestas. Procuram vantagens pessoais e tentam tornar-se
indispensáveis, recorrendo à adulação e à subserviência. Quando alguém se
habitua a estes seguidores a ponto de não poder prescindir deles, caminha para
o infortúnio. Somente aquele que, tendo-se libertado de seu próprio ego, busca,
por convicção, o que é verdadeiro e essencial, terá a clareza de visão
necessária para perscrutar as reais intenções de tais pessoas. Assim não haverá
culpa.
Nove
na quinta posição significa:
Sincero
no bem. Boa fortuna.
Todo
homem precisa ter algo a que seguir, algo que lhe sirva de guia. Aquele que
segue com convicção a beleza e a bondade deve sentir-se fortalecido por estas palavras.
Seis
na sexta posição significa:
Ele
encontra uma sólida fidelidade
e
o leva a ligar-se ainda mais.
O
rei o apresenta à Montanha do Oeste.
Isso
se refere a um elevado sábio, um homem que já abandonou o tumulto do mundo. Mas
ele encontra um seguidor que o compreende e que não deve ser recusado. O sábio
volta então ao mundo e o ajuda em sua tarefa. Assim se desenvolve uma aliança
eterna entre eles. Essa alegoria tem sua origem nos anais da dinastia Chou. Os
governantes dessa dinastia honravam seus melhores seguidores concedendo-lhes um
lugar no templo dos ancestrais da família real na Montanha do Oeste. Julgava-se
assim que aqueles iriam então participar do destino da família real.
Fonte:
I Ching, o Livro das Mutações – Richard Wilhelm